terça-feira, 9 de julho de 2013

Aterro de Gramacho gerando energia

"A equipe da Coluna Sustentável acompanhou com exclusividade o início da construção do único gasoduto do mundo ligando um aterro de lixo a uma refinaria de petróleo”. É um desfecho nobre para uma história triste que maculou durante décadas um dos mais importantes ecossistemas do país.
O aterro de Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, teve suas atividades encerradas em junho do ano passado, às vésperas da Rio + 20, a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável. Para a Prefeitura, era questão de honra fechar o aterro antes que a cidade recebesse chefes de Estado do mundo inteiro para debater os rumos da sustentabilidade.
Aberto em 1978 como um lixão, Gramacho acolheu durante quase 35 anos todo o lixo do Rio de Janeiro e de outras cidades da região metropolitana em um lugar absolutamente inadequado para esse fim : um manguezal, às margens da Baía de Guanabara, ladeado por dois rios. Os impactos ambientais acumulados ao longo dos anos foram violentos.
Um exemplo simples do que estou dizendo: mesmo após o encerramento do aterro (que não vem recebendo resíduos há quase um ano), Gramacho ainda produz, a cada dia, 2 milhões de litros de chorume, um líquido preto e mal cheiroso resultante da decomposição da matéria orgânica do lixo.
À medida que avançava a consciência ambiental da população e a legislação se tornava mais rígida, a Prefeitura investia em benfeitorias no aterro para que fosse possível conter ou remediar a poluição gerada.  
Hoje, Gramacho hospeda uma empresa privada que investiu mais de R$ 250 milhões no local para poder explorar a energia do lixo, ou seja, o biogás resultante do mesmo processo de decomposição da matéria orgânica do lixo que resulta no aparecimento do chorume. 
Por contrato, a empresa se comprometeu a fornecer para a Refinaria Duque de Caxias (da Petrobras) 70 milhões de m³ de biogás por dia pelos próximos 15 anos. Esse volume de gás, que seria suficiente para abastecer todas as residências e todos os estabelecimentos comerciais do Estado do Rio, vai suprir 10% da demanda energética da Reduc.
O biogás será retirado com a ajuda de 300 poços (260 já foram instalados), que bombearão o combustível até uma estação de tratamento construída no próprio aterro. Ali, o gás será limpo, seco e bombeado através de um gasoduto de 6 km de extensão até a refinaria (pelo menos 1,2 km de tubulações passarão debaixo de áreas de mangue e rios). A operação será iniciada ainda neste primeiro semestre.
Ganha a Petrobras quando viabiliza a transformação de um gás de efeito estufa (o metano é entre 20 e 23 vezes mais danoso para a atmosfera do que o dióxido de carbono, ou C02) em energia, permitindo que um gigantesco volume de gás natural seja devolvido à rede de abastecimento. Ganha a empresa privada que opera o sistema por consolidar um novo horizonte de negócios, dando destinação inteligente ao biogás do lixo.
Em um país onde a produção monumental de lixo (algo em torno de 62 milhões de toneladas por ano) gera enormes impactos socioambientais, o gás do lixo é um insumo energético que merece mais atenção e investimentos. É bom para o meio ambiente, é bom para a economia."
 Fonte: http://g1.globo.com/jornal-da-globo/

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